DÚVIDA QUE NOS LEVA A CERTEZA
“Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.” (João 20:25)
Algo que me chama a atenção na filosofia, é a chamada maiêutica socrática. Sócrates entendia que o aprendizado se dava em meio as dúvidas levantadas pela própria pessoa, por isto, ele não respondia as perguntas objetivamente, sempre respondia um pergunta com uma outra pergunta, fazendo com que a própria pessoa respondesse a seus questionamentos.
A dúvida sempre foi vista como fonte de sabedoria, reforçada pela celebre frase de Sócrates:” Só sei que nada sei.”
Creio que uma das grandes dificuldades da igreja é aceitar a possibilidade da dúvida, do “não sei”, do ponto de interrogação no meio do coração.
Um cristão que demonstra alguma dúvida ou questionamento quanto a sua fé, geralmente não é visto com bons olhos, e com certeza será taxado como um “fraco na fé”.
Não posso olhar para Tomé, senão como um cristão verdadeiro, e extremamente corajoso, pois naquele momento, foi coerente consigo mesmo não mascarando seus sentimentos.
Tomé, estava em crise, talvez com questionamentos mil em sua alma, pois acreditara até o fim no Messias, e agora toda a suas esperanças tinham sido apagadas em uma cruz.
A Bíblia não fala porque Tomé não estava com os discípulos quando o Senhor apareceu, “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.”(João 20:24), porém creio que estivesse retirado para colocar seus sentimentos em ordem.
E quando os discípulos falaram que viram Jesus, Tomé foi verdadeiro dizendo que não tinha forças para crer naquilo que ouvira, “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.” (20:25), seu coração tinha esta dúvida, em sua mente permeava muitas perguntas sem respostas.
Fico pensando na coragem deste homem, em chegar no meio dos discípulos e expor sua dúvida e limitação, sua falta de fé, seu lado humano e limitado.
Como na canção de Guilherme Kerr:
“O que fazer, se o Coração
Não consegue mais crer no que sabe ser verdade,
O que fazer se a Razão
Não consegue entender o porquê da tempestade?”
Creio que muitas vezes nos sentimos como Tomé, no meio dos discípulos, querendo que algo aconteça para nos renovar a fé, porém sem coragem de expor isto no meio da igreja.
O que as pessoas iriam pensar? Eu um líder da igreja, um pastor, um ministro, com estas dúvidas no coração? Isto seria inadmissível. Por isto, muitas vezes, nos calamos e secamos por dentro.
Precisamos entender que a dúvida colocada aos pés do Senhor, é instrumento de cura, de reforço espiritual.
Tenha a coragem de dizer: “Senhor, eu não entendo”, “Senhor, eu não consigo crer”, Senhor, preciso tocar em suas chagas para crer”.
Jesus não permitiu que Tomé ficasse sem resposta, a primeira coisa que fez ao visitar os discípulos foi se dirigir a Tomé e lhe sanar as dúvidas do coração. “E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos”
Aquele discípulo foi curado e restaurado pelo fato de ter a coragem de enfrentar suas dúvidas e limitações.
Tomé após receber a restauração de seus questionamentos, faz uma linda declaração: “Senhor meu e Deus meu! (Jo 20:28)
Não temos que ter todas as respostas, temos apenas que ter aquele que tem: Jesus!
Sempre em Cristo.
Armando Júnior e Adriana